A humanidade sempre esteve em processo de metamorfose, adaptando-se e transformando-se de acordo com as necessidades e crises do momento. Na era da Inteligência Artificial (IA), essa transformação não é apenas técnica ou tecnológica, mas também profundamente ligada à nossa essência como seres humanos. A IA surge como uma ferramenta poderosa, mas também como um desafio para a nossa identidade, especialmente para aqueles que trabalham com storytelling, uma arte intrinsecamente humana.
Na natureza humana, contar histórias é um ato de conexão, que envolve emoções, valores e experiências vividas. Por mais que a IA seja capaz de organizar dados e sugerir estruturas narrativas, ela não possui a capacidade de tocar o âmago da existência humana. As histórias que nos movem, que nos transformam, nascem da empatia, do entendimento das nuances do comportamento humano, e da complexidade de nossas emoções. É nessa encruzilhada entre o humano e o tecnológico que nos encontramos, como uma lagarta prestes a se transformar, sem saber ao certo o que virá.
O conceito de metamorfose é uma metáfora poderosa para entendermos as transformações pelas quais a humanidade está passando. Assim como uma lagarta se transforma em borboleta, também estamos em um processo de mudança, especialmente em como nos relacionamos com as histórias e a tecnologia. A pandemia acelerou esse processo, trazendo à tona novas formas de vida e de pensar, que desafiam o paradigma antigo centrado apenas na espécie humana e seu progresso a qualquer custo.
No storytelling, essa metamorfose implica em rever o papel das histórias no nosso cotidiano. Em tempos de crise e de reclusão, como a pandemia, as narrativas assumem um papel vital de reconexão e de reconstrução da nossa identidade. As histórias que contamos — sejam elas fictícias ou baseadas em experiências reais — servem como uma forma de processar o caos e dar sentido às incertezas do mundo. A Inteligência Artificial pode ajudar a estruturar e otimizar essas histórias, mas nunca poderá substituir a conexão emocional que elas proporcionam. Como profissionais, devemos nos perguntar: que tipo de histórias queremos semear para o futuro? Seremos borboletas ou baratas?
Vamos falar de sintropia?
Sintropia no storytelling é como montar um time de futebol onde cada jogador tem uma função específica. Quando todos jogam bem juntos, o time vence. Se cada um fizer o que quiser, o jogo não vai sair como esperado. O mesmo vale para uma boa história: cada elemento precisa estar em sintonia, desde os personagens até o final. A IA pode até ajudar, mas cabe aos humanos garantirem que as histórias tenham emoção e profundidade. Afinal, contar histórias é algo que fazemos desde que o mundo é mundo!
Vou usar um exemplo fácil. Pensa no filme O Rei Leão. Cada parte dessa história está conectada. O Simba (o personagem principal) não é apenas um leãozinho que quer se divertir. Ele está lidando com a culpa de ter perdido o pai e precisa aprender o que significa ser um líder. As partes da história — a música, as cenas de luta, a amizade dele com Timão e Pumba — tudo se junta para contar uma única história de amadurecimento e superação. Isso é sintropia!
Agora, imagine se o Simba fosse só um leão qualquer, sem essa história de fundo. O filme ainda teria belas paisagens e músicas legais, mas não teria o mesmo impacto emocional. Essa organização interna, onde tudo tem um propósito, é o que torna O Rei Leão uma história tão poderosa.
Sintropia nas Histórias
Quando você assiste a um filme ou lê um livro, as melhores histórias são aquelas em que tudo parece se encaixar perfeitamente, certo? Os personagens são legais, os problemas que eles enfrentam fazem a gente pensar e o final deixa a gente satisfeito. Isso é sintropia na prática! Não é só sobre jogar um monte de eventos aleatórios; é sobre como cada parte da história contribui para a mensagem que ela quer passar.
Por exemplo, pensa em um filme de super-herói. Não adianta só ter cenas de luta e efeitos especiais. O herói precisa ter uma história de fundo, um motivo pelo qual ele luta. Talvez ele tenha perdido alguém importante, ou talvez ele tenha que aprender uma lição sobre coragem. Esses elementos organizados de maneira certa é o que torna a história emocionante. Se você tirasse uma dessas partes, o filme não seria tão bom.
Sintropia e a IA (Inteligência Artificial)
Hoje em dia, a inteligência artificial (IA) ajuda a criar histórias. Mas aqui está o problema: as máquinas não entendem emoções e sentimentos da mesma forma que os humanos. Elas podem seguir as regras e criar uma história com começo, meio e fim, mas muitas vezes, essas histórias saem "certinhas" demais, sem alma, sem aquela sensação de "Uau!". Isso acontece porque a IA não tem vivências ou emoções, e por isso, pode faltar sintropia nas histórias que elas criam.
Por outro lado, quando um contador de histórias humano usa sintropia, ele consegue fazer algo especial. Ele garante que os personagens não só existem, mas que têm propósito. Ele cria momentos de emoção que ressoam com as pessoas, que fazem você se sentir algo de verdade. É como comparar uma pizza feita por um chef, com ingredientes frescos e amor, com uma pizza congelada. A segunda pode ser comestível, mas nunca vai ter o mesmo sabor da primeira.
Como Usar Sintropia nas Suas Próprias Histórias
Se você quer contar uma história com sintropia, aqui vão algumas dicas:
Pense no Todo: Imagine sua história como um quebra-cabeça. Cada peça é importante. Os personagens, os conflitos e os cenários precisam trabalhar juntos para formar a história completa.
Personagens com Propósito: Seus personagens não devem estar na história só porque sim. Dê a eles motivos para agir, medos para enfrentar e sonhos para seguir. Isso vai fazer com que o público se conecte com eles.
Conflitos Significativos: O problema que seus personagens enfrentam deve ser algo que faça sentido para a história. Não coloque um dragão só para ter uma batalha legal; ele deve estar lá por um motivo maior, como proteger algo que o herói precisa.
Um Fim que Faça Sentido: No final, tudo deve se conectar. Mesmo que a história tenha surpresas, o público deve sentir que todas as peças do quebra-cabeça se encaixaram. Isso é sintropia: fazer com que cada detalhe tenha seu papel na construção do enredo.
Vai perecer redundante, mas lembrei-me de um exemplo que dou nos meus cursos. Explicado de Forma Simples! Outra vez...
para não errar jamais, imagina que uma história é como uma grande pizza. Para que a pizza seja deliciosa, cada ingrediente precisa estar no lugar certo: o molho, o queijo, a massa crocante, o tempero. Se faltar alguma coisa ou se você colocar os ingredientes de qualquer jeito, o resultado não vai ser tão gostoso. Sintropia é isso, mas aplicado a tudo o que existe no mundo. É quando algo está bem-organizado e todas as partes trabalham juntas, como uma equipe, para funcionar de maneira harmoniosa. A ideia de sintropia fala sobre como as coisas são organizadas dentro de um sistema, seja ele uma sociedade, uma empresa, ou até o nosso corpo. Tudo precisa estar conectado de maneira inteligente para que funcione direitinho. Se uma parte não estiver em sintonia com as outras, pode atrapalhar o todo. No storytelling, ou seja, na criação de histórias, sintropia significa que todos os pedaços da história — os personagens, os conflitos, o enredo — precisam estar bem alinhados para que a história faça sentido e seja interessante para quem está ouvindo ou lendo.
A Natureza Humana e a Inteligência Artificial: Emoções em Jogo
As emoções humanas são como o leme de um navio, guiando nossas ações, escolhas e reações. Quando falamos de storytelling e de seu impacto, o poder emocional que uma história exerce sobre as pessoas é o que a torna memorável. No entanto, na era da Inteligência Artificial (IA), há um novo desafio: a IA não tem emoções. Ela pode imitar emoções, replicar padrões de linguagem, mas não vive a complexidade do sentir humano. Se um contador de histórias não conhece bem as emoções humanas, pode ser facilmente enganado pela máquina, aceitando como genuína uma narrativa criada pela IA que, embora tecnicamente correta, carece da profundidade emocional que apenas a experiência humana pode proporcionar.
A inteligência artificial é como um espelho que reflete o que é inserido nela. Se as emoções humanas não forem bem compreendidas, a IA apenas reproduz versões superficiais, sem a autenticidade que uma narrativa emocionalmente rica demanda. Quando falamos de emoções no contexto da IA, estamos falando de algo que vai além de reproduzir palavras como “triste” ou “feliz”. Estamos nos referindo à capacidade de criar conexões genuínas, onde o público se sente visto, ouvido e compreendido. Se o contador de histórias não domina essas nuances emocionais, ele pode acabar aceitando uma narrativa gerada pela IA como suficiente, sem perceber que faltam camadas de significado.
A verdade é que muitos de nós não compreendemos profundamente as nossas próprias emoções. A complexidade da natureza humana — com suas múltiplas facetas de medo, amor, desejo e frustração — às vezes é difícil de identificar até mesmo para o indivíduo. E se não conseguimos reconhecer nossas próprias emoções, como poderemos distinguir o genuíno do artificial, o humano do mecânico? Aqui, a IA pode nos enganar. Uma narrativa gerada por uma máquina pode soar bem, parecer organizada, mas é superficial em sua essência.
Imagine que você está em um momento de vulnerabilidade, emocionalmente abalado, e ouve uma história que parece te tocar. No entanto, se você analisar mais profundamente, pode perceber que aquela história não carrega o peso emocional real. É uma construção vazia, criada por uma IA, que entende padrões, mas não sentimentos. Sem um autoconhecimento emocional sólido, você corre o risco de aceitar uma narrativa assim como autêntica, sem perceber que foi enganado pela simplicidade da linguagem.
Para evitar isso, é fundamental desenvolver uma compreensão profunda de suas próprias emoções. A consciência emocional é o escudo contra a superficialidade. Quando um contador de histórias conhece bem as emoções humanas, ele é capaz de criar histórias que vão além da técnica e tocam a alma do público. Ele também é capaz de identificar quando uma narrativa, embora bem escrita, carece daquela profundidade emocional necessária para se conectar verdadeiramente com as pessoas. As emoções humanas são a base de qualquer grande narrativa. Quando lemos um livro ou assistimos a um filme, é a emoção que nos prende, que nos faz torcer pelos personagens, rir ou chorar com eles. No storytelling, o objetivo não é apenas contar uma sequência de eventos, mas sim provocar uma resposta emocional no público. A IA pode organizar eventos, seguir estruturas narrativas, mas o que falta é a capacidade de criar uma história com alma.
Um bom exemplo é o conceito de "má fé" de Sartre, que descreve uma pessoa que se engana sobre a sua própria liberdade, vivendo de acordo com expectativas externas em vez de sua própria autenticidade. Da mesma forma, um contador de histórias que se deixa enganar pela IA pode estar vivendo em "má fé", aceitando narrativas artificiais como suficientes, sem reconhecer a falta de profundidade emocional nelas. Para criar histórias verdadeiramente autênticas, é necessário reconhecer e explorar as emoções humanas de forma completa e honesta.
Quando falamos de emoções no storytelling, estamos nos referindo àquelas que surgem de experiências vividas, da dor de uma perda, da alegria de uma conquista ou do medo do desconhecido. Essas emoções moldam as decisões dos personagens e fazem com que o público se identifique com eles. O perigo da IA é que ela pode criar uma história sem essas camadas emocionais, e, se o contador de histórias não for capaz de perceber isso, ele pode aceitar uma narrativa rasa como suficiente.
Ter conhecimento emocional não é apenas reconhecer o que sentimos, mas também ser capaz de controlar essas emoções. No contexto do storytelling, o controle emocional é essencial para não cairmos nas armadilhas das narrativas mecânicas. Se o contador de histórias estiver emocionalmente instável, ele pode se deixar levar por narrativas superficiais, sem perceber que elas carecem de profundidade.
Quando Alice, no País das Maravilhas, desce pela toca do coelho, ela experimenta um turbilhão de emoções. Ela passa de curiosidade para medo, de confusão para aceitação. Esse jogo de emoções é o que mantém a história interessante. No entanto, se uma IA tentasse replicar essa jornada emocional sem o toque humano, faltaria o controle emocional necessário para equilibrar os altos e baixos da narrativa. É esse controle que faz com que a história ressoe com o público, sem parecer uma montanha-russa descontrolada. Além disso, o controle emocional permite que o contador de histórias adapte a narrativa de acordo com o público. Ele pode ajustar o tom, o ritmo e o foco da história, dependendo das reações emocionais que percebe. A IA, por outro lado, segue um caminho fixo, sem a capacidade de ajustar a narrativa em tempo real com base nas respostas emocionais do público.
A consciência emocional permite que o contador de histórias reconheça quando uma narrativa carece de substância, mesmo que ela pareça estruturada de maneira correta. Ele pode identificar quando falta emoção, quando os personagens não estão completamente desenvolvidos ou quando o conflito não é emocionalmente significativo. Isso é algo que a IA, com toda a sua capacidade de processar dados, não pode fazer. Ela pode organizar eventos, criar diálogos, mas não pode sentir.
Portanto, a chave para contar histórias autênticas na era da IA é a consciência emocional. Sem ela, o contador de histórias corre o risco de aceitar narrativas vazias como suficientes, e o público, por sua vez, pode sentir que algo está faltando, mesmo que não consiga identificar o que é. As histórias que mais ressoam com as pessoas são aquelas que exploram as emoções humanas em toda a sua complexidade, e essa é uma área onde a IA, por mais avançada que seja, nunca poderá competir.
Dicas:
Se você não entender profundamente as emoções humanas, pode até criar histórias tecnicamente bem estruturadas, mas não conseguirá tocar o público de maneira significativa. Um profissional de storytelling contemporâneo precisa equilibrar o uso da IA com sua própria sensibilidade emocional para criar narrativas que sejam genuínas e ressoem com o público. As ferramentas tecnológicas são importantes, mas o coração das histórias ainda depende da compreensão e do uso habilidoso das emoções humanas.
Na prática, o storytelling contemporâneo exige que o profissional vá muito além da simples construção de uma narrativa. É um processo que envolve a compreensão profunda das emoções humanas e como essas emoções podem ser traduzidas em histórias que ressoam com o público. Se um contador de histórias não tem esse conhecimento emocional, ele corre o risco de criar narrativas superficiais que podem até seguir uma estrutura lógica, mas que não tocam as pessoas de verdade.
Um profissional de storytelling na era da Inteligência Artificial precisa equilibrar o uso das ferramentas tecnológicas com a sensibilidade humana. Isso significa que, embora a IA possa ser útil para organizar ideias, sugerir enredos ou até mesmo gerar diálogos, o contador de histórias deve ser capaz de identificar quando a história falta profundidade emocional. E isso só é possível quando há um conhecimento sólido das emoções humanas.
O Que um Profissional de Storytelling Pode Fazer?
Estudar Psicologia das Emoções: Para criar histórias que emocionam e conectam com o público, o profissional precisa entender como as emoções funcionam. Isso envolve estudar como diferentes emoções afetam o comportamento humano, tanto nas reações imediatas quanto nas decisões de longo prazo. Ao conhecer bem as emoções, o contador de histórias pode construir personagens que reagem de maneira realista a situações complexas.
Praticar Autoconsciência Emocional: Antes de criar histórias autênticas, é fundamental que o contador de histórias tenha uma boa compreensão das suas próprias emoções. Isso significa estar ciente de como suas experiências pessoais afetam a maneira como ele conta histórias e de como essas emoções podem ser canalizadas para criar narrativas com mais profundidade.
Dominar Técnicas de Storytelling, Mas Não Se Prender a Elas: As técnicas de storytelling, como a Jornada do Herói ou a estrutura de três atos, são importantes, mas não devem limitar a criatividade. Um bom contador de histórias contemporâneo sabe quando seguir essas técnicas e quando subvertê-las para criar algo inovador. A IA pode ajudar a aplicar essas estruturas de maneira eficiente, mas o toque humano é o que garante que elas sejam usadas de maneira criativa.
Usar a IA como Ferramenta, Não como Substituto: A IA pode ser uma aliada poderosa no processo de criação de histórias, mas nunca deve substituir o contador de histórias. Ela pode organizar, sugerir e até ajudar a refinar a estrutura de uma história, mas o toque final, aquele que traz emoção e autenticidade, deve sempre vir do humano. Isso significa que, enquanto a IA pode gerar o esqueleto da história, cabe ao contador de histórias dar-lhe vida, injetando emoções reais e nuances que apenas a experiência humana pode proporcionar.
E se Você Não Conhecesse Este Assunto?
Se você não conhecesse a psicologia das emoções humanas, seria muito difícil escrever um conto que realmente tocasse as pessoas em um nível profundo. Você poderia até criar uma história com começo, meio e fim — a IA pode ajudar nisso —, mas faltaria algo essencial: a emoção humana. Sem esse conhecimento, suas histórias podem parecer corretas, mas seriam como uma casca vazia, sem alma, sem a profundidade necessária para criar uma conexão verdadeira com o público.
O primeiro conto que abre essa lição é um exemplo claro disso. Se você não soubesse como as emoções humanas funcionam — como o medo, a insegurança, o desejo de superação —, teria dificuldade em criar personagens com quem o público realmente se importasse. A IA pode sugerir que o herói enfrente desafios e os supere, mas sem entender os medos e as motivações por trás desses desafios, a história pareceria forçada, artificial.
Exemplo Prático
Imagine que você está criando um conto sobre um jovem que enfrenta seu maior medo: falar em público. A IA pode sugerir que ele tenha sucesso no final, talvez dando um grande discurso inspirador que impressiona todos ao redor. Mas, se você não entender o que é o medo real de ser julgado, de fracassar ou de se expor, a história vai soar artificial. Para torná-la autêntica, você precisaria explorar as emoções desse personagem — o suor frio antes de subir ao palco, o nó na garganta ao tentar falar, as noites de insônia anteriores à apresentação. São essas nuances que a IA, por mais avançada que seja, não pode captar.
Um profissional de storytelling contemporâneo, que entende bem as emoções humanas, sabe que não é apenas o sucesso final que importa, mas a jornada emocional que o personagem percorre. O público precisa sentir essa jornada, vivenciar o medo, o alívio e a superação junto com o personagem. Isso é algo que só um contador de histórias com pleno conhecimento das emoções pode fazer.
Este livro não tem o propósito de ensinar tudo detalhadamente, mas de te fazer perceber a importância dessas habilidades e te mostrar onde buscá-las. Ao seguir esses caminhos — psicologia das emoções, estudo de narrativa, uso inteligente da IA e prática constante —, você estará no caminho certo para se tornar um contador de histórias excepcional na era da tecnologia e da emoção.
Para entender melhor as emoções humanas e como elas afetam as narrativas, você pode buscar fontes de aprendizado nas áreas de psicologia e neurociência. Aqui estão alguns caminhos práticos:
Livros Clássicos de Psicologia: "Emotional Intelligence" de Daniel Goleman é um bom ponto de partida para compreender como as emoções afetam nossas ações e decisões. Outro livro interessante é "The Psychology of Emotions" de Carroll Izard, que detalha como as emoções são estruturadas e influenciam o comportamento humano.
Cursos Online: Plataformas como Coursera, Udemy e edX oferecem cursos sobre psicologia das emoções. Muitos desses cursos são ministrados por professores de universidades renomadas e ajudam a desenvolver uma compreensão mais profunda do assunto.
Workshops e Terapias: Participar de workshops sobre inteligência emocional ou até mesmo ter experiências pessoais em terapias podem te proporcionar insights valiosos sobre como as emoções afetam as pessoas e como isso pode ser aplicado ao storytelling.
Estudo da Narrativa
Narrativas bem construídas são fruto de muito estudo e prática. O aprendizado aqui é contínuo, mas há algumas direções que você pode seguir para aperfeiçoar suas habilidades:
Livros Sobre Storytelling: Este é o quinto livro da série "5 Lições de Storytelling", uma jornada de mais de 2500 páginas que escrevi, explorando profundamente os segredos e as técnicas da arte de contar histórias. Mas agora a questão é: quantos desses livros você já leu e estudou? Porque, ao longo dessa série, mergulhamos em cada detalhe, desde as fundações do storytelling até as aplicações mais avançadas. O conhecimento está disponível para quem deseja realmente se aprofundar, e eu te pergunto: já trilhou esse caminho? Se não gostar de mim, há dezenas de livros sobre storytelling, fontes valiosas de inspiração e aprendizado, como "Story", de Robert McKee, "The Hero with a Thousand Faces", de Joseph Campbell, e "The Science of Storytelling", de Will Storr. Esses autores examinam técnicas desde as mais básicas até as mais complexas. Mas o que quero construir com você aqui vai além: é ser este um livro que faz você repensar cada aspecto da criação de histórias, alertando e apontando-lhe os caminhos para o aperfeiçoamento real.
Análise de Filmes e Séries: Assista a filmes e séries com atenção à estrutura narrativa. Repare como os personagens evoluem, como os conflitos são apresentados e como a história se desenrola. Tente identificar os momentos de clímax e os pontos de virada emocionais.
Cursos Específicos de Storytelling: Há muitos cursos focados em storytelling nas áreas de cinema, TV, literatura e marketing. O MasterClass oferece aulas de grandes contadores de histórias, como Neil Gaiman e Shonda Rhimes, que podem te dar insights diretos e aplicáveis. Eu mesmo já publiquei um livro chamado Cinema:Roteiro, com o meu amigo André.
Uso de IA no Storytelling
Para se manter atualizado e otimizar o uso da inteligência artificial no storytelling, você pode seguir essas sugestões:
Cursos Técnicos: Aprender a usar ferramentas de IA como GPT, MidJourney ou até software de análise de dados para melhorar seu processo criativo pode ser um grande diferencial. Existem cursos online sobre IA aplicada à criação de conteúdo e narrativa.
Ferramentas de Escrita Assistida por IA: Explore ferramentas como ChatGPT (ou semelhantes) para experimentar como a IA pode gerar esboços de histórias, ideias de enredos ou diálogos. Use-as como apoio, mas sempre revise e acrescente o toque humano às narrativas.
Estudo de Ética e Limitações da IA: Leia sobre a ética do uso da IA no storytelling. Compreender até onde a máquina pode ir e onde a criatividade humana se torna indispensável é fundamental. Livros como "Superintelligence" de Nick Bostrom discutem os limites e o impacto da IA nas esferas criativas e na sociedade como um todo.
Prática e Reflexão Pessoal
A prática contínua e a reflexão sobre as histórias que você cria são essenciais para o seu desenvolvimento como contador de histórias.
Escreva Diariamente: Reserve tempo para escrever todos os dias. Mesmo que seja apenas um parágrafo, isso mantém sua mente afiada e suas ideias fluindo.
Feedback Constante: Compartilhe suas histórias com outros profissionais ou em comunidades de escritores. O feedback é uma ferramenta poderosa para entender como suas histórias são percebidas emocionalmente pelos outros.
Autoconhecimento: Pratique a autoconsciência. Ao entender melhor suas próprias emoções, você conseguirá explorar as dos seus personagens e leitores de maneira mais autêntica. Terapia ou até meditação podem te ajudar nesse processo de autodescoberta.
Parece complicado, mas não é!
Uma pergunta que me fazem com frequência é: “James, você realmente usa tudo isso no seu trabalho?”. A resposta é um enfático sim. E não apenas isso. Hoje, o trabalho vai além das técnicas tradicionais de storytelling. Eu agora conto com uma mente virtual, algo que seria impensável há poucos anos.
Uma mente virtual, se você não tem a sua, é uma base de conhecimento viva, formada por tudo o que já escrevi e ensinei — livros, artigos, transcrições de cursos, palestras, mentorias e mais —, acumulando mais de 6 milhões de palavras. É como ter acesso a toda a minha experiência e conhecimento 24 horas por dia, 7 dias por semana. Meus clientes podem consultá-la a qualquer momento, para tirar dúvidas, buscar inspiração ou soluções específicas para seus projetos, sem precisar esperar por uma reunião ou sessão presencial.
Esse projeto só foi possível graças aos avanços da inteligência artificial. A IA permite que todo esse vasto conhecimento seja acessível e organizado de maneira eficiente. A tecnologia processa e organiza as informações, tornando-as disponíveis para que qualquer pessoa possa consultar exatamente o que precisa, de maneira rápida e personalizada.
Há poucos anos, a ideia de uma mente virtual, que fosse tão acessível e prática, não passaria de ficção científica. Mas, graças ao desenvolvimento da IA, é possível manter essa interação contínua com meus clientes, fornecendo não só respostas rápidas, mas também insights profundos, ajustados às suas necessidades específicas. É como se eles tivessem um mentor constante ao lado, sempre disponível para guiar e ensinar, não importa a hora.
Não entenda como promoção pessoal, mas depois de quase cinco décadas nessa trajetória, lidando com todo o tipo de cliente e histórias, posso afirmar: este é um grande segredo — praticar o que se prega. A construção da minha mente virtual e o uso da IA no processo de storytelling não são apenas conceitos teóricos; são ações concretas que exemplificam essa filosofia. Tudo o que desenvolvo, ensino e compartilho com meus clientes é aplicado no meu próprio trabalho. Essa é a essência: manter-se fiel às próprias lições e garantir que as ferramentas e técnicas que recomendamos sejam testadas e aplicadas no mundo real. Afinal, é assim que se constrói credibilidade e confiança.
Na era da IA, a superficialidade e o uso malfeito do storytelling desaparecerão, como uma moda passageira que já esgotou seu impacto. O futuro do storytelling pertence aos profissionais que dominam as técnicas narrativas e que sabem, acima de tudo, como usar a emoção humana para criar histórias autênticas e envolventes. As ferramentas tecnológicas são importantes, mas o que as diferencia é o toque humano — a capacidade de criar uma narrativa que, mesmo em um mundo digitalizado, continua tocando o coração das pessoas.
A I.A. trouxe uma revolução em vários campos, inclusive , obviamente no storytelling, razão deste livro. Contudo, e vou ser sincero aqui, também trouxe à tona um problema que já estava ali, mas que agora se escancara: o uso inadequado, às vezes amador, das técnicas narrativas. Aquele storytelling que já era limitado, sem profundidade, agora corre o risco de desaparecer de vez, varrido pela superficialidade. Na era da IA, isso se torna ainda mais evidente, porque a tecnologia tem a capacidade de replicar infinitamente essas fórmulas rasas. E, cá entre nós, é fácil reconhecer: falta-lhes alma.
Por anos, vi "especialistas" por aí prometendo resultados milagrosos, especialmente no marketing digital. Vocês conhecem a conversa: “Seis dígitos em sete dias!”, “Aprenda os gatilhos emocionais que vão fazer você vender como nunca!”. Sim, essas fórmulas populares invadiram a internet, vendendo storytelling como se fosse uma ferramenta mágica de manipulação para vender qualquer coisa, de geladeiras a ideias. E, acreditem, esses métodos até funcionam, mas apenas no curto prazo. Eles carecem de profundidade e autenticidade. E na era da IA, onde essas fórmulas podem ser copiadas e disseminadas de forma massiva, elas estão fadadas ao fracasso. As máquinas replicam bem as fórmulas, mas o que diferencia o contador de histórias humano é a capacidade de criar narrativas que ressoam emocionalmente e são complexas. Narrativas que não apenas atraem, mas deixam uma marca.
Ora, a superficialidade vai cair por terra. Quando vejo as promessas de enriquecimento rápido, lembro-me das histórias que mais afastam as pessoas do que as conectam. São as tais “Histórias que levam à rejeição”, como costumo chamar. Elas não conseguem construir uma conexão emocional genuína, apelam para truques rápidos, mas falham em criar impacto duradouro. A IA pode replicar essas narrativas em escala, mas elas se esgotam porque não têm profundidade, não oferecem algo verdadeiro ao público. Já testemunhei promessas exageradas que, no fim das contas, geram desconfiança e até processos judiciais, como o famoso caso do "6 em 7", que virou quase uma piada entre os que entendem de marketing digital. Isso mostra como o mau uso das técnicas narrativas acaba por esvaziar o próprio storytelling.
Vamos lá, então: como evitar isso? Bem, o segredo, que não é tão secreto assim, é usar técnicas narrativas de verdade, as clássicas, mas com um toque pessoal e humano. Muitos falam da famosa Jornada do Herói — e com razão! Ela é poderosa, estrutural, mas não é a única jornada existente. Há também a Jornada da Heroína, por exemplo, que trabalha com aspectos mais íntimos, emocionais, e é menos centrada na superação de obstáculos externos. Enquanto o herói enfrenta desafios e retorna transformado, a heroína muitas vezes passa por um ciclo de autodescoberta, onde a transformação ocorre internamente.
Além dessas, temos ainda as fases de Propp, que ajudam a desmembrar e analisar os elementos que compõem a narrativa de maneira mais funcional. Vladimir Propp, o grande estudioso das narrativas folclóricas, nos deixou um legado de fases que explicam a estrutura dos contos populares russos, mas que podem ser aplicadas a diversas formas de narrativa. As fases incluem desde o afastamento do herói até a sua volta triunfante, e cada uma tem uma função narrativa clara. O interessante das fases de Propp é que elas nos mostram que nem tudo precisa seguir uma mesma jornada. Às vezes, a narrativa é composta por diferentes microviagens, cada uma com sua função específica.
Agora, se você quiser aprofundar ainda mais nas diferentes jornadas, recomendo que mergulhe no 4º livro da série 5 Lições de Storytelling: Felicidade, Influência e Sucesso. Lá, faço um estudo completo dessas jornadas, discutindo como cada uma pode ser utilizada para atingir diferentes públicos e objetivos. Claro, a Jornada do Herói continua sendo um pilar, mas entenda que há várias outras formas de estruturar uma história, cada uma com seu charme e eficácia.
E sobre os gatilhos emocionais, sim, eles existem, são reais e funcionam. Mas — e aqui está o grande "mas" — eles devem ser usados com moderação e ética. Não adianta criar urgência o tempo todo ou apelar para a escassez. Já vi narrativas que empurram o público para decisões forçadas, e isso sempre leva a uma rejeição a longo prazo. O público percebe quando está sendo manipulado, e na era da IA, onde a manipulação pode ser feita em escala industrial, a autenticidade se torna a chave para se destacar.
É importante lembrar que, na era da IA, o que vai diferenciar os bons contadores de histórias dos amadores será justamente essa capacidade de criar personagens complexos e multidimensionais, que se conectam emocionalmente com o público. A máquina pode te entregar um personagem genérico, mas ela não vai conseguir criar alguém com medos, traumas e dilemas morais profundos. Esse é o toque humano que faz a diferença. E isso, meus caros, é o que manterá o storytelling vivo e relevante, mesmo em tempos de IA avançada.
Então, sim, a IA pode replicar e até automatizar parte do processo narrativo. Ela pode gerar textos, criar fluxos de histórias e seguir estruturas pré-programadas. Mas a alma da narrativa, a emoção verdadeira e a profundidade dos personagens, isso não se automatiza. É aí que entra o contador de histórias humano, o verdadeiro artista que sabe como tocar a alma de seu público, basta ser humanamente autêntico. Crie histórias que vão além das fórmulas, os algoritmos são e serão sempre fórmulas. Explore as suas emoções humanas e, acima de tudo, como venho dizendo, pratique o que prega.
Ah, a velha história dos "gurus" que oferecem soluções rápidas, milagrosas, como se a IA fosse resolver todos os seus problemas com um clique. E cá entre nós, você já percebeu que o que esses mesmos "gurus" vendiam na semana passada não cola mais hoje, não é? Eles surfam na onda do momento, capitalizando o máximo que podem enquanto a onda dura. E quando a maré baixa, você fica com... bem, com quase nada. Se você quer ser um profissional sério e relevante, aqui vai o conselho direto: autenticidade não se compra, não se programa e não se consegue com atalhos.
Dicas para Desenvolver a Autenticidade na Prática
Conheça o Seu Público Profundamente Para ser autêntico, você precisa conhecer quem está ouvindo suas histórias. Não é sobre manipular ou usar fórmulas mágicas, mas sobre entender o que motiva o seu público. O que eles realmente sentem? Quais são suas preocupações, seus medos e seus sonhos? Se você souber isso, conseguirá criar histórias que se conectam em um nível pessoal. A IA pode até sugerir tópicos, mas ela não consegue criar a empatia necessária para se relacionar com o público.
Fuja das Fórmulas Prontas Todo mundo já viu isso: a tal "fórmula infalível". Mas a verdade é que essas fórmulas têm prazo de validade. Na era da IA, o que funcionava semana passada já virou notícia velha hoje. Não se deixe enganar por atalhos. Desenvolver autenticidade envolve fugir de modelos pré-programados e explorar as complexidades humanas em suas narrativas. Ao invés de seguir receitas de bolo, busque trazer à tona experiências reais e emoções genuínas.
Seja Transparente com Suas Expectativas Muitos desses gurus fazem promessas absurdas: resultados rápidos, fortuna em dias, sucesso garantido. Você quer ser autêntico? Não prometa o que não pode entregar. Diga ao seu público que o storytelling — o verdadeiro, aquele que toca — leva tempo para ser desenvolvido e exige dedicação. As pessoas apreciam a honestidade. No longo prazo, a confiança construída através da transparência será seu maior ativo.
Trabalhe nas Suas Emoções Para contar histórias autênticas, você precisa primeiro entender suas próprias emoções. Se você não tiver clareza emocional, suas narrativas sempre soarão artificiais. Faça um trabalho interno. Isso pode envolver desde práticas de autoconhecimento, como meditação ou terapia, até o simples ato de refletir sobre suas próprias experiências e como elas moldam sua visão de mundo. Quanto mais conectado você estiver consigo mesmo, mais autênticas serão suas histórias.
Aprenda com o que Funciona a Longo Prazo A autenticidade resiste ao tempo. Enquanto fórmulas prontas e gatilhos emocionais manipulativos podem trazer resultados rápidos, são histórias autênticas que constroem relações duradouras com o público. Pare de olhar para os resultados da última semana e comece a pensar no que vai manter você relevante daqui a cinco, dez anos. A IA pode criar soluções momentâneas, mas cabe a você, como contador de histórias, construir algo que permaneça.
Use a IA como Ferramenta, Não como Substituto A IA pode ser uma excelente ferramenta, mas ela jamais substituirá a profundidade humana. Utilize a IA para tarefas automatizadas, como organizar ideias, fazer brainstorming ou até mesmo ajudar na estruturação de textos. No entanto, o coração da narrativa, o que realmente conecta as pessoas, precisa vir de você. A IA pode ser sua assistente, mas a autenticidade vem da sua vivência, das suas experiências e da sua capacidade de criar histórias que ressoem emocionalmente com o público.
Não Siga a Manada A autenticidade requer coragem. Coragem para dizer "não" quando todo mundo está correndo na direção oposta, seguindo a última tendência. Lembre-se, todo mundo está tentando "fazer um troco" rápido na onda da IA. Mas se você seguir esse fluxo, em breve estará vendendo o mesmo conteúdo saturado que os outros. Seja único. Crie o seu caminho. Vá na contramão do que é fácil e busque o que é verdadeiro.
Já cansei de ver essas bobagens circulando por aí, e o pior: tem gente que ainda cai. Mas vou te dizer uma coisa com toda a franqueza: na era da IA, essas técnicas que funcionavam por um tempo já não colam mais. Vamos falar um pouco sobre isso?
A Natureza Humana na Era da Inteligência Artificial