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COSISTEMAS E I.A. = RESPOSTAS INTEGRADAS + A HABILIDADE EXPONENCIAL DO SER HUMANO

Em 2005, a McSill Media lançou um modelo de trabalho que, à época, parecia uma anomalia no mercado: um sistema cosistêmico, que integrava múltiplas competências e áreas do conhecimento em torno de um mesmo objetivo criativo e estratégico. A proposta contrariava o espírito dominante de então. Naquele tempo, as empresas eram organizadas como blocos isolados — cada setor cuidava do seu, protegendo suas fronteiras como se o sucesso estivesse na especialização absoluta. Era o reinado da compartimentalização: editorial era editorial, marketing era marketing, e tecnologia... bem, a tecnologia era vista quase como um departamento de manutenção.

A McSill pensava diferente. Enquanto a maioria ainda tratava projetos editoriais como meras produções de conteúdo, nós já os víamos como nódulos centrais de ecossistemas criativos. Um livro, em nossa concepção, não era apenas algo que se escrevia e imprimia: era um ponto de convergência de ideias, produtos, narrativas e mercados. Não era incomum vermos, ainda naquela década, livros gerarem séries de TV, programas de treinamento corporativo, métodos educacionais, documentários e até startups — e tudo isso com um DNA narrativo comum, que a McSill ajudava a estruturar desde a origem.

Na prática, enquanto o mercado editorial discutia tiragens e ISBNs, a McSill Media já falava em multiplataformas, posicionamento de autor como marca, narrativas transmídia e sinergia entre conteúdo e propósito. Lembro de reuniões em que empresários nos olhavam com estranheza quando propúnhamos, por exemplo, que um autor literário também deveria ser posicionado como um comunicador capaz de transitar por eventos, podcasts, cursos e redes sociais. Ou quando sugeríamos que a construção de uma série começava pelo tom emocional do material literário, e não apenas por sua lógica de trama.

Enquanto muitos ainda insistiam em modelos lineares — escrever → editar → publicar → vender —, nós desenhávamos fluxos circulares, em que cada produto era um gerador de conexões: do livro para o palco, do palco para o streaming, do streaming para a sala de aula, da sala de aula para a experiência personalizada.

Esse modelo, claro, parecia "estranho" para quem estava habituado a departamentos isolados, metas específicas e entregas sem diálogo. Muitos executivos do antigo modelo nos acusavam de "dispersar foco". Para eles, ser cosistêmico era não saber onde se concentrar. Mas o erro estava na premissa: eles confundiam foco com rigidez. Nós sabíamos que, ao integrar áreas, potencializávamos impacto. O mundo não é fragmentado — os negócios também não deveriam ser.

A chegada da tecnologia só reforçou nossa abordagem. A internet deixou de ser apenas canal de divulgação e se tornou ambiente de convivência. O digital quebrou as paredes entre o autor e o leitor, entre o produtor e o consumidor, entre o especialista e o curioso. A inteligência artificial, por sua vez, está agora a remodelar não apenas os meios de produção, mas a forma como pensamos estratégia, design, posicionamento e escala.

Se no passado ser cosistêmico era visto como um exagero, hoje tornou-se uma exigência. Não é mais viável ser apenas um bom escritor se não se entende nada de presença digital. Não adianta ser um excelente formador se não se sabe transformar conhecimento em produto. Não basta ter talento: é preciso construir valor integrado.

DICA para quem deseja se alinhar com o futuro cosistêmico:

  1. Pense em interdependência: seu projeto está conectado a quais áreas além da sua zona de conforto?
  2. Fuja de caixinhas: especialização sem visão sistêmica limita o crescimento.
  3. Aproxime-se da tecnologia: use IA não como ameaça, mas como extensão da sua inteligência criativa.

Na próxima parte, vamos explorar como a explosão da IA e da inovação acelerada exige essa visão cosistêmica — e como quem insistir no modelo fragmentado poderá, em breve, encontrar-se irremediavelmente ultrapassado.

O DESPERTAR COSISTÊMICO: IA, INOVAÇÃO E A QUEDA DO PENSAMENTO FRAGMENTADO

A segunda década do século XXI começou como uma promessa, mas foi na virada para os anos 2020 que ela se tornou inevitável. O que muitos chamaram de “o futuro chegou” foi, na verdade, uma deflagração: um estouro das costuras de um mundo que já não cabia nos moldes antigos. Pandemias, colapsos climáticos, rupturas políticas, burnout coletivo, transformações digitais e, sobretudo, o avanço vertiginoso da inteligência artificial revelaram o que para alguns ainda era invisível — o modelo de pensamento fragmentado havia falhado.

Neste novo cenário, a McSill Media não precisou se adaptar: ela apenas confirmou sua natureza. Aquilo que começamos em 2005, muitas vezes vistos como exóticos ou vagamente poéticos, se consolidou como resposta concreta a um mundo em colapso sistêmico. E quando dizemos “cosistêmico”, falamos exatamente disso: de um sistema que não pode mais ser separado em partes desconectadas, pois é da conexão inteligente entre as partes que nasce a força para inovar, prosperar e resistir.

I. O COLAPSO DOS MODELOS LINEARES

Até poucos anos atrás, era comum ouvir nos bastidores editoriais, corporativos ou educacionais frases como: “isso não é da minha área”, “não compete ao meu setor”, “vou encaminhar para outra equipe”, ou ainda, no caso de autores, “minha parte é só escrever”. Essa mentalidade compartimentalizada era quase um dogma — e funcionava em tempos estáveis, onde o conhecimento crescia de forma previsível, a competição seguia regras claras e os mercados se transformavam devagar. Mas esse tempo acabou.

O surgimento de tecnologias como o ChatGPT, o MidJourney, a automação de fluxos criativos e os sistemas generativos provocaram uma ruptura de escala. De repente, o que levava anos para ser feito — um esboço de livro, uma identidade visual, um plano de marketing — passou a ser feito em minutos. Isso não significa que a qualidade esteja garantida, mas a velocidade e a acessibilidade mudaram as regras do jogo. O problema é que as instituições continuaram operando com mapas antigos, tentando atualizar a rota com ferramentas do século passado.

Foi aqui que muitos profissionais — inclusive bons — começaram a se perder. O especialista que dominava uma área isolada, mas ignorava o todo, ficou vulnerável. O autor que escrevia bem, mas não compreendia seu público, sua distribuição, sua presença digital, viu seu alcance estagnar. O consultor que sabia treinar pessoas, mas não sabia transformar conhecimento em produto digital, viu seus clientes migrarem. A fragmentação já não era apenas uma limitação: ela passou a ser um risco estratégico.

II. A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COMO AGENTE DESMASCARADOR

A inteligência artificial não é apenas uma ferramenta nova — ela é uma nova maneira de olhar para a realidade. E como todo novo olhar, ela revela o que antes era disfarçado. Empresas que diziam ser inovadoras mostraram-se despreparadas para o pensamento exponencial. Universidades que se vangloriavam de formar líderes expuseram sua lentidão diante da mudança. Profissionais tidos como especialistas perderam espaço para pessoas mais jovens, com menos títulos, mas com capacidade de adaptação, leitura integrada de contextos e uso fluido da tecnologia.

O que a IA revelou — e isso é essencial de entender — é que a complexidade do mundo não se resolve com simplificações lineares. É preciso pensamento cosistêmico para navegar em um ambiente onde tudo está conectado: o conteúdo ao canal, o criador ao mercado, a forma ao propósito, a tecnologia à ética.

Na McSill Media, essa compreensão nunca foi novidade. Nossa abordagem sempre incluiu múltiplas perspectivas: literária, editorial, comercial, emocional, cultural, simbólica e agora, digital e algorítmica. Não vemos a IA como inimiga do autor, mas como uma aliada estratégica, desde que usada com propósito, critério e alinhamento humano. E, mais do que isso, entendemos que o verdadeiro diferencial do futuro não será dominar a IA, mas saber onde e por que aplicá-la.

III. O NOVO ALFABETO DAS HABILIDADES

Vivemos hoje a transição de uma alfabetização técnica para uma alfabetização sistêmica. Saber operar ferramentas já não basta. É preciso entender o impacto do que se faz, antecipar os efeitos colaterais, e posicionar-se estrategicamente em ecossistemas de informação e influência. Isso exige o que chamamos de habilidades cosistêmicas, que unem:

  • Consciência narrativa: saber contar uma história que una dados, emoção, propósito e identidade.
  • Fluência tecnológica: entender os limites e possibilidades da IA, sem mitos nem dependência cega.
  • Leitura contextual: conectar as ações ao cenário político, ambiental, cultural e simbólico.
  • Tomada de decisão ética: porque o que fazemos impacta, e a velocidade da IA não pode atropelar a integridade.
  • Integração entre áreas: saber articular, por exemplo, marketing com educação, branding com psicologia, design com filosofia.

Na McSill Media, essas competências não são decorativas. Elas fazem parte do dia a dia dos nossos processos, das nossas mentorias, da forma como conduzimos projetos em mais de 30 países. Quando um autor nos procura, não perguntamos apenas “qual é a sua ideia?”, mas “qual é o seu sistema de impacto?”. Que outras áreas se conectam ao que você quer fazer? Que formas de entrega são possíveis? Como transformar isso em conteúdo, negócio, comunidade e legado?

IV. CASOS CONCRETOS: ANTES E DEPOIS

Caso 1: a autora que virou marca internacional

Uma cliente que chegou até nós com um rascunho de romance autobiográfico foi orientada não só a estruturar sua narrativa, mas a transformá-la em base para um sistema de formação. Hoje, além do livro, ela possui uma série de workshops, um podcast, uma plataforma de cursos e uma comunidade ativa em três idiomas. A IA ajudou a escalar a produção de conteúdo, mas foi a visão cosistêmica que garantiu a coerência e a potência do ecossistema.

Caso 2: do livro ao palco (e à tela)

Um autor técnico, com mais de 20 anos de carreira, chegou com a ideia de um livro sobre sua metodologia. Poderia ser só mais um. Mas, ao mergulhar com ele em suas histórias, dores e metáforas pessoais, percebemos o potencial para criar um roteiro de série — que está agora em desenvolvimento. O livro existe. Mas é apenas a primeira semente. Da página para o palco, da voz para o streaming, tudo articulado por um mesmo eixo narrativo, emocional e estratégico.

Caso 3: inovação frustrada por pensamento linear

Por outro lado, recebemos projetos vindos de empresas com investimento em IA, consultorias de ponta, design arrojado — mas completamente desconectados da alma da marca, da escuta do público, da coerência com os valores.

PARA ONDE VAMOS: COSISTEMAS, RESPOSTAS INTEGRADAS E A HABILIDADE EXPONENCIAL DE SER HUMANO

Se as duas primeiras décadas do século XXI nos confrontaram com mudanças rápidas, a próxima exigirá de nós algo ainda mais radical: coerência sistêmica em alta velocidade. O futuro já não é um lugar para onde vamos. Ele é o campo onde agimos agora. E esse presente-futuro exige mais do que boas ideias ou capacidade técnica — ele exige uma mentalidade cosistêmica, capaz de entender, integrar, responder e antecipar.

Na McSill Media, isso significa muito mais do que oferecer serviços variados. Significa manter uma postura de escuta profunda e articulação estratégica entre os diversos mundos com os quais um projeto se conecta: o da emoção humana, o da tecnologia, o das narrativas, o do mercado, o da política, o do simbólico. Em 2005, quando implantamos nosso modelo, muitos nos viam como idealistas. Hoje, o mundo nos vê como precursores.

I. UM ECOSSISTEMA EM MOVIMENTO

Chamamos de “cosistêmico” aquilo que se organiza como um ecossistema: vivo, adaptável, conectado, pulsante. E um ecossistema saudável não sobrevive de uma única espécie. Ele depende da diversidade. Na prática, isso significa que um projeto de sucesso hoje não pode mais ser monocromático — ele precisa reunir diferentes perspectivas, linguagens, canais e saberes.

Quando um autor chega até nós com um manuscrito, olhamos para ele como quem olha para uma floresta em formação: que sementes existem ali? Quais podem crescer em árvore, quais podem virar alimento, que precisam de poda, que precisam de adubo? Há espaço para séries? Produtos educacionais? Licenciamento? Comunidade? Método? Show? Aplicativo? Livro de bolso? Canal no YouTube?

Mas tudo isso não pode ser forçado. Só funciona quando nasce do DNA da ideia original. Só se sustenta quando é autêntico. Por isso, o pensamento cosistêmico exige uma habilidade raríssima atualmente: a capacidade de permanecer fiel à essência e, ao mesmo tempo, múltiplo nas formas.

II. NÃO SABER DE TUDO, MAS SABER COMO TUDO SE RELACIONA

É importante dizer: o futuro não exige que saibamos tudo. Ninguém pode. Mas ele exige que saibamos como tudo se conecta. Um escritor não precisa virar programador, mas precisa entender como a IA pode apoiar sua escrita, seu marketing e sua escalabilidade. Um mentor não precisa ser designer gráfico, mas precisa compreender como o visual comunica emoção e confiança. Um palestrante não precisa dominar a tecnologia de streaming, mas precisa saber como o formato impacta o público e o posicionamento de sua marca.

O profissional do futuro é, cada vez mais, um integrador consciente de sistemas. Ele não resolve tudo sozinho, mas sabe montar o time certo, fazer as perguntas certas, propor os caminhos certos. E isso exige o que chamo de “habilidade exponencial de ser humano”: empatia, escuta, leitura de contexto, adaptabilidade, intuição, clareza, imaginação, coragem.

III. O FIM DOS GÊNEROS PUROS

Outro sinal da transição para o futuro cosistêmico é a dissolução dos gêneros puros. O livro já não é só livro. A palestra já não é só fala. O curso já não é só transmissão. A série já não é só entretenimento. Tudo se mistura — e é justamente nas zonas de fronteira que surgem as criações mais potentes.

A McSill Media sempre operou nessas fronteiras. Lançamos livros que viraram programas de TV. Palestras que viraram livros. Mentorias que viraram plataformas. Narrativas que viraram métodos. Histórias que viraram negócios. Trabalhamos com escritores, CEOs, artistas, pedagogos, psicólogos, políticos, cientistas. Porque entendemos que as histórias que transformam não obedecem a rótulos — elas obedecem apenas ao chamado do impacto.

Hoje, ajudamos nossos autores a construírem sistemas de presença e influência, e não apenas produtos. E para isso, oferecemos não respostas prontas, mas perguntas estruturantes:

— Onde isso vai te levar?

— Que outros mundos esse projeto pode atravessar?

— Com quem ele pode dialogar?

— Que tecnologias o amplificam sem roubar sua alma?

IV. O QUE A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NÃO FAZ

Muito se fala hoje sobre o que a IA pode fazer — e é fascinante, de fato. Mas é igualmente importante lembrar o que ela ainda não faz (e talvez nunca faça bem):

  • Sonhar.
  • Sentir.
  • Sofrer com um erro e crescer com ele.
  • Ter intuição.
  • Amar uma ideia a ponto de reescrevê-la 30 vezes.
  • Criar algo que não seja apenas uma repetição estatística de padrões anteriores.

É aí que o ser humano brilha. É aí que a cosistemia encontra sua alma. Porque o modelo cosistêmico não é só técnico. Ele é profundamente humano. Ele valoriza as nuances, as ambiguidades, os dilemas éticos, os processos lentos que dão sentido às coisas rápidas. Ele entende que uma boa história não é só funcional — é viva.

V. PARA FECHAR: O LEGADO É HOJE

O futuro cosistêmico não é um destino, é uma prática. É o modo como decidimos agir agora. E se há algo que aprendemos nesses quase 20 anos com o modelo McSill, é que o verdadeiro legado não está em uma ideia isolada, mas na rede de relações que ela ativa e transforma.

Portanto, para quem deseja construir algo relevante nesta nova era, aqui vão três lembretes simples e fundamentais:

  1. Pense como ecossistema. Não isole sua ideia. Pergunte: onde ela toca o outro? Onde ela entra em ressonância com o mundo?
  2. Integre o novo sem trair o essencial. Use a tecnologia, mas mantenha sua voz. Amplifique, não descaracterize.
  3. Construa para além de si. Um projeto realmente vivo transcende o autor. Ele vira experiência, cultura, comunidade, transformação.

O mundo está pronto. A tecnologia está pronta. A pergunta agora é: e você?

JAMES MCSILL 6 de maio de 2025
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