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«Data Storytelling» como transformei dados em emoção

Era início deste outono aqui no McSill Story Studio, na Inglaterra, quando fomos desafiados com um projeto que testaria nossa criatividade e habilidades em storytelling como nunca. Um de nossos clientes, uma respeitada instituição acadêmica, precisava transformar um artigo técnico sobre crescimento exponencial em uma narrativa atraente e acessível para sua revista anual. A missão era clara: comunicar a complexidade matemática e científica de forma que tocasse tanto o coração quanto a mente do leitor. Fácil, não é?

A equipe estava reunida em torno da mesa de madeira que chamamos carinhosamente de “a mesa das ideias impossíveis”. Emily, nossa designer, analisava gráficos e planilhas como se fossem peças de arte incompletas. Ao lado dela, Sophie, nossa editora, rabiscava freneticamente num bloco, tentando transformar jargões acadêmicos em frases que pulassem da página.

"Temos que fazer algo diferente", sugeri. "Se quisermos capturar a essência do trabalho do professor Bartlett — a urgência e as consequências do crescimento populacional exponencial —, precisamos usar não apenas palavras, mas imagens que falem por si mesmas."

Decidimos dividir o artigo em seções visuais. Na primeira página, um desenho animado simples mostrava uma única figura, representando uma população isolada. Ao virar a página, essa figura se multiplicava, tornando-se um grupo. Na terceira página, as pessoas já se amontoavam, quase esmagando o texto. Na última, a ilustração tomava conta, com as figuras praticamente saltando para fora da página, simbolizando o impacto esmagador do crescimento exponencial.

No final, a página trazia apenas um chamado à ação: "Se queremos um futuro sustentável, precisamos agir agora."

Quando o resultado chegou às nossas mãos, sentimos um misto de nervosismo e orgulho. E não estávamos errados em nossa ousadia. A publicação causou um impacto imediato. A equipe da universidade nos escreveu: "Nunca tivemos tanta resposta de nossos leitores. Vocês pegaram algo que poderia ser seco e fizeram disso uma obra de arte acessível."

Esse projeto nos ensinou algo poderoso no McSill Story Studio: histórias baseadas em dados não precisam ser frias ou técnicas. Quando combinamos a força dos números com uma abordagem visual criativa, conseguimos engajar, provocar e, acima de tudo, contar uma história que permanece.

No McSill Story Studio, sempre dizemos que por trás de cada número há uma história esperando para ser contada. Essa foi a abordagem que sugeri durante nossa primeira reunião de brainstorming. Sophie, nossa editora, me lançou um olhar intrigado. "Quer dizer que devemos abandonar os números?" ela perguntou. "Não", respondi. "Devemos dar vida a eles."

A solução surgiu enquanto analisávamos uma pilha de dados fornecidos pela instituição. Entre os números, encontramos histórias latentes: candidatos brilhantes, cheios de potencial, que não puderam ingressar por falta de recursos financeiros. Decidimos criar perfis fictícios baseados em dados reais, preservando o anonimato, mas humanizando o impacto da falta de financiamento.

Foi assim que nasceu “A História de Alice”. Alice era uma jovem talentosa de uma comunidade carente no norte da Inglaterra. Sonhava em se formar em física e trabalhar em projetos de sustentabilidade ambiental. Seus professores descreviam-na como uma visionária, alguém que poderia mudar o mundo. Mas, no final, Alice não conseguiu uma vaga. Os recursos da universidade não eram suficientes para cobrir as bolsas de estudo necessárias.

Na narrativa, escrevemos: "Com mais £5.000, Alice estaria aqui agora, liderando o debate sobre as mudanças climáticas. E então? Como podemos aceitar perder esse talento?"

Quando a peça foi apresentada aos doadores, algo mágico aconteceu. Um dos representantes da instituição nos contou emocionado que a campanha gerou uma resposta avassaladora. Doadores não só contribuíram financeiramente, mas também compartilharam a história, discutindo sobre a importância de dar oportunidade a talentos como Alice.

Esse projeto reforçou uma lição fundamental para nossa equipe: dados podem informar, mas histórias emocionam. É o equilíbrio entre a razão e a emoção que transforma uma mensagem em um chamado à ação. E no McSill Story Studio, aprendemos que é nesse ponto de interseção que a mágica acontece. 

De fato, dados sem narrativa são como peças de um quebra-cabeça sem a imagem de referência. Então, nos reunimos em nossa sala de criação, com papéis e marcadores espalhados pela mesa, e fizemos a pergunta mais importante: "Que tipo de história queremos contar?"

Inspirados pelo trabalho de Thomas H. Davenport, percebemos que a escolha de uma estrutura narrativa era o ponto de partida. Decidimos explorar as oito tramas fundamentais para storytelling baseado em dados:

  1. Tempo: Usamos uma linha do tempo visual para mostrar a evolução do impacto da instituição ao longo dos anos.
  2. Relações: Criamos gráficos que conectavam alunos, professores e projetos para demonstrar as colaborações que nasciam ali.
  3. Lugar: Utilizamos mapas interativos para destacar os locais onde os ex-alunos estavam fazendo a diferença no mundo.
  4. Processos: Simplicidade foi a chave para ilustrar os passos necessários para alcançar metas, como concluir um doutorado.
  5. Comparações: Contrastamos resultados antes e depois de iniciativas importantes para mostrar o progresso.
  6. Composição: Descrevemos a composição dos projetos com gráficos que explicavam claramente onde os recursos estavam sendo aplicados.
  7. Partes do Todo: Dividimos visualmente o impacto do financiamento em categorias, como bolsas de estudo e programas de pesquisa.
  8. História da Marca: Apresentamos a história da instituição com fatos e números que comprovavam seu impacto.

Esse projeto nos deixou uma lição que quis compartilhar neste artigo. Para criar uma história que transforma, sigam-se essas etapas simples:

  1. Comece com a pergunta certa: Antes de pensar no formato, pergunte-se: "O que quero que minha história transmita?" Saber a intenção é o primeiro passo para escolher a estrutura ideal.
  2. Escolha a trama certa: Não force os dados a se encaixarem. Em vez disso, identifique se o foco é mostrar evolução, conexões, ou impacto de uma ação. Use a estrutura narrativa que melhor traduz isso.
  3. Trabalhe em equipe: Dados complexos pedem colaboração. Reúna criativos, analistas e designers para explorar diferentes perspectivas e enriquecer a narrativa.
  4. Mantenha a simplicidade: A clareza é mais importante do que a sofisticação. Gráficos elegantes, mas simples, são mais eficazes do que informações excessivamente detalhadas.
  5. Conte com emoção: Dados informam, mas são as histórias humanas que engajam. Sempre que possível, conecte números a pessoas e seus impactos.
  6. Revise e valide: Certifique-se de que a história faz sentido e que a interpretação dos dados está correta. Uma boa narrativa começa com precisão.

No final, o que importa é que sua história ressoe, inspire e leve à ação. Se você conseguir fazer isso, os números deixam de ser apenas números — eles se tornam uma ponte para um futuro melhor. E não é isso que todos queremos construir?

JAMES MCSILL 3 de dezembro de 2024
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