O Grande Problema /
Se já assististe a uma palestra, reunião ou discurso em que o orador falava, falava, falava... mas a tua mente já estava a passear entre o jantar de logo à noite e a última série que viste, parabéns. Sobreviveste a um desastre comunicacional.
Isso acontece todos os dias, em todas as áreas. Advogados, médicos, engenheiros, arquitetos, economistas, cientistas – todos acham que basta enfileirar fatos, gráficos e estatísticas que a audiência vai ficar hipnotizada. Só que não.
O problema não é a informação. O problema é como ela é transmitida.
Agora, deixa-me provar isto com um exemplo prático:
Digamos que tens uma palestra para advogados sobre compliance e riscos jurídicos. Este é um tema essencial, mas a maioria das apresentações são verdadeiros soporíferos. Eis um exemplo típico de como os advogados costumam começar:
Antes: O Jeito Chato e Comum de Apresentar
"Bom dia. Meu nome é João, sou especialista em compliance empresarial. Hoje, vamos falar sobre a legislação XYZ e a necessidade de adequação das empresas às novas normas. Estatísticas mostram que 76% das empresas não estão em conformidade e podem sofrer sanções. Vamos abordar como evitar essas penalidades e os principais riscos para as empresas."
Agora, se já estás a sentir vontade de bocejar, imagina a plateia.
Esse tipo de abertura tem três problemas graves:
- Não tem conexão emocional. Parece que o orador está a ler um documento jurídico, não a falar com pessoas reais.
- Não cria urgência. A frase “vamos abordar como evitar penalidades” não faz ninguém sentir medo real.
- Não envolve a audiência. É tudo genérico, seco e sem uma narrativa.
Agora, vejamos como o storytelling resolve isso.
Depois: O Jeito Certo de Prender a Audiência
*"Em 2018, uma grande empresa, que todos vocês conhecem, foi multada em 10 milhões de euros porque um pequeno erro de compliance passou despercebido. O diretor jurídico perdeu o emprego. O CEO teve que dar explicações à imprensa. E um dos advogados, que achava que tudo estava sob controle, viu a sua reputação destruída.
Agora, imaginem se isso acontecesse com a vossa empresa ou com um dos vossos clientes. Como evitamos esse tipo de desastre? É sobre isso que vamos falar hoje."*
A diferença é brutal.
- Agora há um enredo. Há personagens, há um problema, há uma consequência real.
- A audiência sente o impacto. Em vez de um dado solto, criamos uma história concreta que as pessoas visualizam na cabeça.
- Criamos tensão. Agora, os ouvintes querem saber como evitar esse desastre.
Como Salvar Qualquer Apresentação
Agora que vimos a diferença, vamos ao método prático para transformar qualquer fala, palestra ou reunião numa apresentação memorável.
Passo 1: Começa Pelo Drama
Nada prende mais atenção do que um problema sério que precisa ser resolvido. Mas o erro da maioria dos profissionais é começar de forma burocrática e sem impacto.
❌ Errado:
"As novas diretrizes da OMS exigem que hospitais adotem um novo protocolo para gestão de crises sanitárias."
✅ Certo:
"Imagina um hospital onde os médicos não sabem quem atender primeiro, os equipamentos estão a faltar e a imprensa está na porta. Isso aconteceu em 2020. Agora, há um novo protocolo que pode evitar esse caos. Mas poucas instituições estão preparadas para adotá-lo."
Por que isto funciona?
- Cria urgência. As pessoas percebem o problema como real e imediato.
- Dá contexto. Não é só mais uma diretriz, é uma solução para um caos.
- Prende a atenção. O público agora quer saber mais.
Este é o primeiro passo: não começares com uma definição técnica – começares com o impacto real do tema.
Passo 2: Faz a Audiência Sentir Que Está Dentro da História
Outro erro comum é falar de maneira abstrata e impessoal. Muitos profissionais apresentam dados como se estivessem a ler um relatório.
Vejamos um exemplo de um arquiteto a apresentar um projeto sustentável.
❌ Errado:
"A arquitetura sustentável pode reduzir o impacto ambiental e melhorar a eficiência energética dos edifícios."
Isto é factual, mas ninguém se sente envolvido. Agora, vejamos como trazer o público para dentro da história.
✅ Certo:
"Se eu te dissesse que a tua casa poderia gerar 50% da energia que consome, manter-se fresca sem ar-condicionado e ainda aumentar de valor no mercado, estarias interessado? Pois bem, é exatamente isso que a arquitetura sustentável faz."
Por que funciona?
- Torna o conceito pessoal. O ouvinte pensa imediatamente na própria casa.
- Gera curiosidade. Agora, querem saber como isso é possível.
- Faz o público sentir-se parte da solução.
Se queres que as pessoas te ouçam, não fales como um documento – fales como se estivesses a contar um segredo importante.
Passo 3: Fecha Com uma Mensagem Memorável
A maioria dos discursos termina de maneira apagada. Algo como:
"Portanto, considerem adotar um sistema de compliance mais robusto para evitar riscos legais."
Quem vai lembrar disto? Ninguém.
Agora, vejamos como se faz corretamente.
✅ Certo:
"Ninguém quer ser o advogado que perdeu uma causa por um erro evitável. O compliance não é burocracia – é um seguro contra catástrofes jurídicas. E a diferença entre um profissional comum e um especialista está em antecipar problemas antes que eles se tornem manchetes."
Aqui há um chamado claro à ação e uma ideia forte que fica na cabeça da audiência.
Os Erros Mais Comuns
Agora que viste como funciona o storytelling, vou deixar aqui uma lista de erros típicos dos profissionais que acham que não precisam de narrativa.
- Advogados: Apresentam argumentos como se estivessem num exame da faculdade de Direito.
- Médicos: Usam tantos termos técnicos que o público se sente numa aula de anatomia.
- Engenheiros: Mostram gráficos e estatísticas sem contar a história por trás dos números.
- Arquitetos: Falam de design sem conectar a estética à experiência real das pessoas.
- Empresários: Falam de lucro e métricas sem explicar como isso impacta a vida do cliente.
Storytelling Não É Um Extra
Se ainda duvidas que precisas de storytelling, aqui está um argumento para refletires:
- Os profissionais mais bem pagos do mundo sabem contar histórias.
- Uma boa história vale mais do que mil slides de PowerPoint.
- Quem conta boas histórias é lembrado. Quem só apresenta dados é esquecido.
Então, a escolha é tua: continuar a fazer apresentações que ninguém ouve ou começar a contar histórias que fazem as pessoas prestar atenção. Se vais falar, fala para ser ouvido. Se vais apresentar, apresenta para ser lembrado. E bem-vindo ao mundo do storytelling.
Momento 'OMG'
A tragédia das apresentações ruins não está apenas nas empresas. Está nos eventos profissionais, nas associações, nos congressos de médicos, advogados, arquitetos e engenheiros. Está em qualquer lugar onde um especialista sobe ao palco, pega no microfone e acredita que basta despejar dados para que a audiência fique fascinada. Só que a audiência não fica fascinada. Fica entediada, distraída e, se for um evento mais longo, mentalmente já estará a decidir o que jantar quando aquilo acabar.
A culpa? O orador que se recusa a contar uma história.
Porque sim, eu sei que há aqueles que acreditam que storytelling é “coisa de publicitário”, que “na minha área, os fatos são mais importantes do que a emoção”, que “eu não estou aqui para entreter, estou aqui para informar”. Tudo muito bonito na teoria, mas a prática mostra uma realidade cruel: ninguém presta atenção em discursos sem alma.
Se a audiência está a mexer no telemóvel, a espreitar os e-mails, a inventar desculpas para sair da sala, a culpa não é do público. A culpa é de quem fala.
Agora, imagina dois cenários. No primeiro, um advogado sobe ao palco num congresso da sua associação profissional. Ele ajusta o microfone e começa:
“Bom dia a todos. Hoje vou falar sobre a evolução das leis trabalhistas no Brasil e na União Europeia, analisando a forma como as mudanças regulatórias afetam o ambiente empresarial. De acordo com os últimos estudos publicados, mais de 60% das empresas apresentam alguma não conformidade em relação às normativas atuais. Além disso, nos últimos três anos, observou-se um aumento de 35% nos litígios trabalhistas decorrentes de falhas nas cláusulas contratuais. Assim, nesta palestra, pretendo expor as implicações dessas mudanças, abordando o impacto nas relações jurídicas e apresentando as melhores práticas para mitigação de riscos.”
Ao fim dos primeiros 20 segundos, metade do público já se perdeu nos números. Alguns tentam anotar as estatísticas, mas logo percebem que aquelas informações estarão nos slides – que provavelmente serão enviados por e-mail depois. Outros fingem que escutam enquanto mentalmente estão a lembrar-se que têm que pagar aquela fatura que ficou pendente.
Agora, imagina um segundo cenário.
O mesmo advogado sobe ao palco, ajusta o microfone, olha para a plateia e diz:
“Em 2019, um CEO de uma grande empresa foi acordado às seis da manhã com uma intimação judicial. Ele não sabia que tinha um problema. Aliás, os seus advogados garantiram que tudo estava dentro da lei. Mas um pequeno detalhe no contrato trabalhista foi esquecido, e agora a empresa enfrentava um processo milionário. O CEO perdeu o sono, os advogados perderam a credibilidade e os investidores perderam dinheiro. E tudo porque ninguém prestou atenção a uma mudança simples na legislação.
Então, eu tenho uma pergunta para vocês: sabem exatamente se a vossa empresa ou os vossos clientes estão a correr este risco agora mesmo?”
Aqui, o público reage de forma completamente diferente. Ninguém está a mexer no telemóvel. Ninguém está a pensar noutra coisa. Todos estão focados no palco. Porque há um drama. Há uma narrativa. Há um problema real que poderia acontecer com qualquer um ali sentado.
E esse é o grande erro das apresentações ruins: acreditam que a informação é suficiente para prender a atenção das pessoas. Mas não é. Informação sem emoção é ruído.
E não são apenas advogados que fazem isso. Engenheiros adoram exibir gráficos cheios de dados, esquecendo-se de que números sem contexto são apenas números. Médicos lotam slides com nomes técnicos, como se a audiência fosse um grupo de pesquisadores de Harvard, e depois perguntam por que as pessoas não conseguem absorver o conteúdo. Arquitetos descrevem projetos com tanta frieza que ninguém imagina que aquele edifício pode mudar a vida das pessoas que vão viver ou trabalhar nele.
A diferença entre um discurso que prende e um que mata a paciência do público é simples: um tem história, o outro tem só palavras.
E não, isso não significa inventar. Não significa dramatizar desnecessariamente. Significa colocar a informação dentro de um contexto humano, onde o ouvinte se vê na história e percebe por que aquilo importa.
Se achas que não precisas de storytelling porque a tua área é séria, então pensa nisto: os maiores líderes, os advogados mais bem pagos, os médicos mais renomados, os engenheiros que assinam os contratos milionários – todos são mestres em contar histórias. O que te faz pensar que contigo vai ser diferente?
O Bom Roteiro Salva até Ator Ruim
Se um bom roteiro consegue fazer o Keanu Reeves parecer um ator profundo e introspectivo, então ele pode, sim, transformar qualquer um numa estrela da comunicação. O problema é que a maioria das apresentações, discursos e reuniões segue a lógica do "vou só improvisar", como se confiar na própria memória fosse uma estratégia infalível.
Só que não é.
O improviso tem o seu valor, claro, mas só quando há uma estrutura bem pensada por trás. Caso contrário, a tua fala vai ser igual a um filme sem edição: longo demais, confuso e cheio de partes que podiam ser cortadas.
Agora, deixa-me mostrar como um roteiro bem-feito transforma qualquer apresentação – com exemplos antes e depois.
COMO UM ROTEIRO MUDA TUDO
Imagina que um empresário vai apresentar um novo produto para investidores. Ele decide confiar na própria experiência e improvisar. Eis como ele começa:
ANTES (O Desastre Típico de Quem Não Planeia)
"Bom, antes de mais nada, obrigado pela presença de todos. Hoje estou aqui para apresentar a nossa nova tecnologia, que é baseada em inteligência artificial e que traz uma série de benefícios para o setor. Bem, este produto surgiu da necessidade de melhorar os processos internos das empresas. O que acontece é que muitas empresas perdem produtividade, e nós vimos um nicho aí. Então, eu queria mostrar primeiro os dados do setor, que demonstram como a nossa tecnologia pode fazer a diferença."
Se tu estás a sentir que já perdeste a paciência antes mesmo de eu acabar de escrever essa frase, imagina os investidores, que precisam ouvir 10 outras apresentações no mesmo dia.
Agora, vejamos como um roteiro transformaria esse início.
DEPOIS (Com Storytelling e Estrutura)
*"No último ano, 72% das empresas do setor perderam dinheiro porque os seus processos internos são lentos e ineficientes. O problema? Os sistemas que elas usam não acompanham o crescimento da empresa.
Agora, imaginem uma tecnologia que não só automatiza essas operações, mas aprende com o comportamento da empresa e se adapta a novas demandas sem precisar de configurações complexas. É exatamente isso que desenvolvemos. E hoje vou mostrar como essa solução já está a gerar resultados reais em empresas como a vossa."*
Aqui, a diferença é gritante.
- Começa com um problema concreto. Em vez de agradecer genericamente, o orador lança um dado relevante que captura a atenção.
- Cria um enredo. A apresentação não é mais uma explicação fria; é uma história de transformação.
- Gera curiosidade. O público quer saber como essa tecnologia resolve o problema.
ERROS MAIS COMUNS
Agora que viste como um roteiro faz a diferença, vou listar os erros mais frequentes de quem acha que "só falar bem" é suficiente:
- Falar sem começo, meio e fim – Como quando alguém conta uma história e perde-se em detalhes irrelevantes. O público fica à espera de um ponto que nunca chega.
- Despejar dados sem contexto – Números sozinhos não fazem ninguém se importar. Contar que “60% das empresas sofrem com esse problema” é diferente de dizer “Metade da sala pode estar a perder dinheiro neste momento sem saber”.
- Não ter um gancho inicial – Se não cativares nos primeiros 30 segundos, podes esquecer.
- Terminar de forma fraca – “É isso, espero que tenham gostado” não é um final, é um suicídio comunicacional.
Agora que já identificaste os erros, vamos às soluções práticas.
COMO ESCREVER UM ROTEIRO QUE SEGURA A AUDIÊNCIA ATÉ O FIM
Não precisas de reinventar a roda. Basta seguir um modelo simples e eficiente.
1. Começa Com o Impacto
Nada de introduções longas. Vais direto ao ponto com algo que prenda o público.
❌ Errado:
"Boa tarde, eu sou engenheiro e trabalho no setor de construção há 15 anos. Hoje, vou falar sobre como os novos materiais podem ser mais eficientes."
✅ Certo:
"Em 2023, um prédio de 50 andares teve que ser evacuado porque um erro no material usado fez com que ele começasse a rachar. O problema? Os engenheiros confiavam numa tecnologia ultrapassada. Hoje, vou mostrar como podemos evitar que isto aconteça de novo."
Vês a diferença? Agora o público está a prestar atenção.
2. Apresenta o Problema de Forma Visual
O público precisa sentir o problema antes de aceitar a solução.
❌ Errado:
"Muitos médicos têm dificuldade em diagnosticar precocemente doenças raras, e isso prejudica o tratamento."
✅ Certo:
"Imagina um paciente que chega ao hospital com sintomas que ninguém consegue explicar. Cada dia sem diagnóstico significa mais sofrimento, mais incerteza e menos chances de cura. Agora, imagina um sistema que pode analisar os sintomas em segundos e dar aos médicos uma lista das possíveis doenças. Isso já existe – e vou mostrar como funciona."
Criamos um cenário. O público imagina a situação e sente o impacto.
3. Oferece a Solução de Forma Clara e Simples
Agora que tens a atenção das pessoas, não compliques. Explica a solução de maneira objetiva.
❌ Errado:
"O nosso software utiliza inteligência artificial para otimizar processos de negócio, reduzindo custos e aumentando a eficiência."
✅ Certo:
"Com o nosso software, a empresa não precisa perder tempo a inserir manualmente os dados todos os meses. Ele faz isso sozinho, reduzindo o tempo gasto em 70% e eliminando erros humanos."
O público precisa ver o benefício real, não só as palavras bonitas.
4. Fecha Com Uma Frase Memorável
Nunca termines de maneira genérica. O final tem que gravar a tua mensagem na mente do público.
❌ Errado:
"Obrigado pelo tempo de vocês. Espero que tenham gostado."
✅ Certo:
"O futuro das empresas será definido por aqueles que souberem usar a tecnologia a seu favor. E hoje, tu tens a oportunidade de estar à frente dessa mudança."
Um bom final deixa o público inspirado e motivado.
OUVIDO OU IGNORADO?
Não importa o quão incrível seja a tua ideia, se a forma como a apresentas for fraca, ela não vai convencer ninguém. Se vais falar em público, não confies só no improviso. Prepara um roteiro, estrutura a tua mensagem, prende o público desde o primeiro segundo e entrega uma história que as pessoas vão lembrar. No fim do dia, as melhores apresentações não são as mais técnicas – são as que fazem o público sentir algo e querer agir. Agora, então, diz-me: queres continuar a ser um orador esquecível ou vais começar a estruturar as tuas apresentações como um mestre do storytelling? A escolha, com certeza, é tua. Sempre tua!
Carisma Sem Golpe de Sorte
Se acreditas que carisma é um dom divino e que algumas pessoas simplesmente "nascem" com a capacidade de cativar multidões, tenho uma boa e uma má notícia para ti.
A má notícia: sim, algumas pessoas realmente têm uma predisposição natural para se destacar em público.
A boa notícia: isso pode ser aprendido.
Sim, tu podes desenvolver presença, confiança e magnetismo, mesmo que hoje fiques nervoso até para pedir um café sem errar o pedido.
O problema é que a maioria dos profissionais acha que basta conhecer bem o assunto para serem bons oradores. Mas não basta. Se fosse assim, professores universitários seriam as pessoas mais hipnotizantes do mundo. Mas sabemos que não são.
Então, deixa-me mostrar-te como um pouco de estratégia pode transformar qualquer apresentação, reunião ou discurso numa experiência que prende a atenção e faz as pessoas quererem ouvir mais.
Imagina duas situações:
ANTES – O Palestrante Sem Vida
O orador sobe ao palco, ajeita os papéis, limpa a garganta e começa:
"Boa tarde a todos. Hoje vamos falar sobre inovação no setor financeiro. Como sabem, a tecnologia tem avançado rapidamente, e as empresas precisam adaptar-se para acompanhar as tendências. O relatório de 2023 mostrou que 67% das instituições bancárias já implementaram alguma forma de inteligência artificial em seus processos. Neste contexto, é fundamental compreendermos o impacto dessas mudanças no mercado."
O público sente o tédio a bater antes mesmo do final da primeira frase.
Agora, vejamos o mesmo conteúdo com presença, energia e carisma.
DEPOIS – O Orador Que Captura a Audiência
O palestrante entra no palco e faz uma pausa estratégica, olhando diretamente para a plateia antes de dizer:
*"No ano passado, uma empresa faliu porque ignorou uma tecnologia que os concorrentes já estavam a usar. Os clientes migraram, o lucro despencou e os investidores desapareceram.
Agora, imaginem que isso acontece com a vossa empresa. O que fariam?
Pois bem, hoje vou mostrar-vos exatamente o que está a mudar no setor financeiro – e como podem estar na frente dessa transformação, em vez de serem deixados para trás."*
Repara na diferença.
- Agora há um enredo. O público sente que algo importante está para ser dito.
- O orador usa pausas estratégicas. Em vez de despejar informações de imediato, ele cria antecipação.
- Há um envolvimento direto. O público sente-se parte da apresentação, porque a pergunta os faz refletir.
A forma como falas importa tanto quanto o conteúdo.
OS ERROS MAIS COMUNS
Agora que vimos a diferença, eis os erros mais frequentes que matam qualquer chance de criar impacto numa apresentação:
- Postura de insegurança – Ombros caídos, olhar no chão, gestos pequenos e hesitantes. O público capta isso e percebe a falta de confiança.
- Tom de voz monótono – Se falas sem variação, pareces um GPS a dar direções. E ninguém presta atenção a um GPS.
- Não olhar para a plateia – Lê os slides, olha para o chão, foca num ponto fixo e evitas contato visual? O público sente-se ignorado.
- Falar rápido demais ou devagar demais – Um discurso acelerado mostra nervosismo. Um discurso lento faz com que todos durmam.
- Usar jargões e palavras difíceis sem necessidade – A comunicação precisa ser clara. Se complicares demais, afastas o público.
Agora, vamos corrigir isto com técnicas que funcionam.
COMO DESENVOLVER CARISMA E PRESENÇA
Se queres que as pessoas te ouçam, tens de aprender como capturar e manter a atenção. E isso faz-se com um conjunto de técnicas simples, mas poderosas.
1. Entra com energia e postura forte
A forma como entras na sala ou sobes ao palco define o tom da tua apresentação.
❌ Errado:
- Caminhar devagar, sem energia.
- Ajustar papéis e o microfone sem olhar para a plateia.
- Falar sem entusiasmo.
✅ Certo:
- Caminhar com firmeza, mostrando segurança.
- Olhar para a audiência antes de começar a falar.
- Abrir com uma frase impactante ou uma história.
Se entras no palco como se estivesses a pedir desculpa por incomodar, já perdeste.
2. Usa contato visual para criar conexão
Se olhares apenas para os slides, perdes o público. Se olhares para um ponto fixo, pareces um boneco de cera.
O que fazer?
- Olha para diferentes partes da plateia ao longo da apresentação.
- Mantém o contato visual por 3 a 5 segundos antes de mudar para outra pessoa.
- Se for um encontro online, olha para a câmara, não para a tela.
O público sente-se mais envolvido quando há contato visual.
3. Usa pausas estratégicas para prender atenção
Falar sem parar é um erro. Se queres que algo seja absorvido, precisas de dar espaço para que a mensagem tenha impacto.
❌ Errado:
"E então o que aconteceu foi que ele perdeu todo o investimento porque ignorou um detalhe no contrato e não teve tempo para reagir e depois tentou resolver mas já era tarde demais porque os investidores retiraram o dinheiro e…"
✅ Certo:
*"Ele perdeu tudo.
O investimento. Os clientes. A credibilidade.
E tudo porque ignorou um detalhe no contrato que teria evitado esse desastre."*
As pausas criam drama, tensão e impacto.
4. Modula a voz para dar ênfase
A pior coisa que podes fazer é falar do início ao fim no mesmo tom.
Usa a voz estrategicamente:
- Fala mais baixo para criar mistério.
- Aumenta a intensidade quando quiseres gerar entusiasmo.
- Dá ênfase a palavras-chave para que sejam lembradas.
O tom de voz é o que diferencia um discurso memorável de uma aula de estatística de duas horas.
5. Termina com algo forte e memorável
Nunca termines com frases genéricas como "Obrigado pela atenção". Isso não fixa nada na memória do público.
❌ Errado:
"Bom, é isso. Espero que tenham gostado."
✅ Certo:
*"A próxima grande revolução já começou.
A única pergunta que resta é: vais liderá-la ou vais ficar para trás?"*
O final precisa de um chamado à ação ou uma frase de impacto.
CARISMA NÃO É MAGIA, É TÉCNICA
Não é preciso nascer com carisma. Basta aprender como criar impacto, usar a voz, a postura e a estrutura correta para prender a audiência. Se usares estas técnicas, qualquer apresentação tua será memorável. Se ignorares, bem… vais continuar a perder a plateia para os telemóveis / celulares e os e-mails.
Lembram de Ti?
Pois é. A grande verdade é que a maioria das pessoas não sabe ser memorável.
E isso acontece porque elas confundem “dar informação” com “ser impactante”. Acham que basta encher slides com gráficos, listar fatos, despejar estatísticas e o público vai absorver tudo. Mas não vai. O ser humano lembra-se do que o faz sentir algo. Se queres ser lembrado, precisas de três coisas: uma abertura forte, um meio envolvente e um final inesquecível.
Agora, deixa-me mostrar, passo a passo, como transformar qualquer apresentação numa experiência memorável.
Imagina duas situações. Um CEO de uma empresa precisa falar para investidores e decide apresentar os resultados da empresa no último trimestre. Aqui está a versão sem impacto:
ANTES – O Discurso Que Ninguém Vai Lembrar
"Boa tarde, obrigado por estarem aqui. Vamos começar com os números deste trimestre. Tivemos um crescimento de 8,3%, e as nossas projeções para o próximo período indicam um aumento de até 10%. O EBITDA ajustado teve uma leve queda, mas nada preocupante. Agora, passemos ao próximo slide."
A esta altura, metade da sala está mentalmente a pensar em outra coisa.
Agora, vejamos como transformar este discurso numa experiência que faz as pessoas prestarem atenção.
DEPOIS – O Discurso Que Prende e Impacta
*"Há três meses, tomámos uma decisão difícil. Sabíamos que, se desse errado, seria um desastre. Mas se desse certo, mudaríamos o rumo da empresa.
Hoje, estou aqui para vos contar o resultado dessa aposta.
Crescemos 8,3%.
E mais do que isso: preparamos o terreno para um crescimento ainda maior.
Mas para entender o que isso significa, deixem-me mostrar-vos exatamente como chegámos até aqui."*
O que mudou?
- Criamos um enredo. Em vez de jogar números de imediato, primeiro contamos uma história.
- Geramos curiosidade. O público quer saber o que aconteceu antes de receber os dados.
- Damos contexto. Os números deixam de ser só números – tornam-se parte de uma jornada.
Agora que viste a diferença, vamos destrinchar como construir uma fala impactante.
PASSO 1: ABRE COM UM IMPACTO IMEDIATO
Nos primeiros 30 segundos, decides o destino da tua apresentação. Se começares de forma morna, perdeste a plateia.
Erros comuns ao abrir uma apresentação:
❌ "Bom dia a todos, é um prazer estar aqui." → Genérico, sem impacto.
❌ "Hoje vamos falar sobre inovação e tecnologia." → Ok, mas por quê? Onde está o drama?
Agora, vejamos formas certas de começar.
✅ Com uma pergunta provocativa:
"O que faz uma empresa falir em menos de dois anos?"
✅ Com um dado chocante:
"87% das startups fecham antes do terceiro ano. A razão? Ignoram um detalhe simples."
✅ Com uma história real:
"Em 2019, uma empresa de sucesso faliu porque ignorou um único alerta. Hoje, vou mostrar-vos qual era esse alerta – e como podem evitar esse erro."
Escolhe um começo que faça as pessoas prestarem atenção.
PASSO 2: CONTA UMA HISTÓRIA ENVOLVENTE
Agora que tens a atenção do público, precisas de manter esse interesse.
O segredo? Estruturar a informação como uma história.
❌ ERRADO: Jogar números e fatos sem contexto.
✅ CERTO: Criar um enredo com começo, meio e fim.
Exemplo:
Se és arquiteto e vais apresentar um projeto sustentável, não dês só dados. Conta uma história:
*"Há dois anos, um bairro inteiro enfrentava problemas de calor excessivo e consumo alto de energia. As casas eram abafadas, e os moradores pagavam fortunas nas contas de luz.
Foi aí que testámos uma solução: um edifício 100% sustentável.
O resultado? Hoje, esse prédio usa 50% menos energia e é 30% mais fresco, sem ar-condicionado."*
Agora, os ouvintes sentem-se envolvidos.
A pergunta que tens que te fazer é: a minha apresentação está a contar uma história ou apenas a dar informações soltas?
PASSO 3: ENVOLVE A AUDIÊNCIA
Se queres ser memorável, faz as pessoas participarem.
👉 Usa perguntas diretas:
"Quem aqui já perdeu dinheiro numa decisão de negócios errada?"
👉 Pede para visualizarem uma situação:
"Fechem os olhos por um instante e imaginem…"
👉 Cria uma comparação:
"A inovação numa empresa funciona como um motor de carro. Se não tens o combustível certo, não vais longe."
As pessoas lembram-se do que vivenciam, não apenas do que ouvem.
PASSO 4: FECHA COM UM FINAL IMPACTANTE
Agora, o momento mais importante: o final.
A maioria das apresentações termina de forma esquecível.
Erros comuns no final:
❌ "Bom, é isso. Obrigado pela atenção."
❌ "Se tiverem dúvidas, podem perguntar agora."
Isto é o equivalente a um filme que não tem um final forte. O público vai-se embora sem lembrar de nada.
Agora, vejamos como terminar como um mestre da comunicação.
✅ Com uma pergunta reflexiva:
"Então, a pergunta que fica é: vais esperar que essa mudança te afete ou vais liderar a transformação?"
✅ Com uma frase de impacto:
"O sucesso não vem para quem espera – vem para quem age."
✅ Com um chamado à ação:
"Agora que sabem disso, o que vão fazer a seguir? Porque o futuro não espera por ninguém."
O final tem que fazer o público pensar e agir.
LEMBRAM-SE DE QUEM SABE SE COMUNICAR
No fim, o que separa os oradores esquecíveis dos grandes comunicadores não é a quantidade de informação – é a forma como a transmitem. Podes saber tudo sobre o teu tema, mas se não souberes como contar a tua história, ninguém se vai lembrar.
Por isso, lembra-te:
🔥 Começa com impacto.
🔥 Conta uma história, não despejes informações.
🔥 Faz o público sentir que faz parte da apresentação.
🔥 Termina com uma frase que marque a mente das pessoas.
Comunicação não é sobre despejar fatos – é sobre criar experiências.
E agora? Vais continuar a ser só mais um palestrante esquecível, ou vais tornar-te alguém que deixa marca?
Há quase cinquenta anos treino profissionais para que suas vozes sejam ouvidas, suas ideias sejam lembradas e suas mensagens impactem. Vi advogados transformarem argumentos áridos em defesas brilhantes. Vi médicos prenderem a atenção com histórias que fizeram pacientes entenderem diagnósticos. Vi engenheiros e arquitetos deixarem de ser técnicos frios para se tornarem visionários inspiradores. Porque comunicação não é sobre despejar dados – é sobre criar experiências que ficam na memória. Quem domina isso, lidera. Quem ignora, desaparece. No fim, não é o mais inteligente que vence, mas o que sabe contar a sua história melhor. E tu? Vais contar a tua?
FALAS DEMAIS E DIZES POUCO?